quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Viagem de avião BR-PT

Olá amigos,

Como prometido, vimos aqui contar a nossa grande aventura: a viagem de São Paulo para Lisboa.

Em primeiro lugar, se está a ler esta história porque tenciona viajar com o seu filhinho de 4 patas, a primeira coisa que deve saber é que é preciso planear a viagem com bastante antecedência, pois existem alguma exigências que são demoradas (isto no caso de Brasil - Portugal). De país para país as regras e exigências mudam então é sempre necessário uma boa pesquisa antes de se começar a fazer os trâmites da viagem. Eu comecei a fazer tudo em Setembro, para poder viajar em Janeiro!

Quando decidimos que íamos nos mudar para Portugal, a primeira coisa que fiz foi averiguar a situação da Nala. Como é obvio não iria deixá-la para trás, nem tão pouco pôr a vida dela em risco para a trazer. Depois de ler muita coisa na internet, vários blogs e várias histórias de viagens com animais, e de ligar para várias companhias aéreas, decidi que a melhor opção seria viajar pela Lufthansa. Foi a única companhia que foi atenciosa com a minha história, liguei diversas vezes para eles e sempre se mostraram solidários comigo! Já a TAP...pfff...nunca vi atendimento tão mau...nem quiseram saber a história, limitaram-se a cuspir regras e regras sem querer saber de mais nada.

Mas enfim, para ela poder viajar comigo na cabine, sem ter de ir porão, todas as companhias, inclusive a Lufthansa, exigem um peso máximo de 8kg, incluindo a bolsa de transporte. Então, antes de mais nada, comecei por colocar a Nala de dieta. Até então ela pesava pouco mais de 9 kg, mas estava bastante gordinha pois eu não estava a controlar a comida. Conversei com o veterinário, e ela poderia perder peso sem colocar a saúde dela em risco. Mudamos a ração, para a royal canin satiety, e comecei a dar a dose diária recomendada para um cão de 8kg, inicialmente, e retirei tudo o que costumava dar de petiscos. Além disso, comecei a fazer caminhadas todos os dias de manhã cedo com ela, quando o calor não era tão intenso. Em poucas semanas consegui que ela chegasse a uns 8,4kg, A partir desse peso a evolução foi bastante mais lenta mas como ainda tinha uns meses não me preocupei muito.

Paralelamente à dieta, demos logo inicio às burocracias para podermos entrar na União Europeia. O primeiro passo de todos é colocar o microchip (caso não tenha ainda), e no nosso caso a Nala ainda não tinha. O microchip deve estar de acordo com a norma ISO 11784 e utilizar uma tecnologia do tipo HDX ou FDX-B, para que consigam ler na entrada em Portugal. Eu desloquei-me a um veterinário e pedi o microchip padrão internacional e ele já tinha conhecimento destas regras, mas é sempre bom confirmar. Quando o veterinário coloca o microchip, ele dá-nos o certificado do microchip, que deve ser guardado, pois ele é necessário para o resto da documentação, e para a entrada no país (para além de que serve de prova do seu animal sempre que necessário).

Posteriormente ao microchip, é preciso Re-vacinar contra a raiva. Mesmo que as vacinas da raiva estejam em dia, a vacina da raiva precisa ser depois da colocação do microchip. No caso a Nala tinha levado a vacina da raiva em março, ou seja só precisaria de repetir em março de 2016, mas revacinamos no dia seguinte à colocação do microchip, conforme exigências da UE.

Depois da vacina, o passo seguinte é o de coletar sangue para fazer o exame de sorologia da raiva. Esta é sem duvida a maior dor de cabeça, e o que mais atrasa o processo da viagem, Nem todos os países precisam, depende muito do pais de origem do animal. O Brasil é um país com elevado risco de raiva, então precisamos fazer isso para podermos entrar na UE. Esta colecta de sangue só pode ser feita após 30 dias da vacinação da raiva. Como começamos o processo no inicio de setembro (microchip e revacinação), só podemos colectar sangue em meados de Outubro. Além disso, apenas um laboratório no Brasil faz este exame! sim, um!!! Fica em São Paulo - Laboratório de Zoonoses e Doenças Transmitidas por vetores. No entanto, a colecta de sangue é feita em outro qualquer laboratório (à escolha do cliente), que depois encaminha para esse único laboratório (ou o dono do animal pode leva-lo até lá pessoalmente). Eu deixei por conta do laboratório que tirou o sangue, pois eles já tinham conhecimento desse processo. Após a colecta de sangue, ainda que o resultado saia antes, o animal só pode sair do país passados 90 dias desta data. Ou seja, só em meados de Janeiro poderíamos viajar, caso tudo corresse bem ao longo do processo (e graças a deus correu!). Nesta época, o laboratório de zoonoses havia avisado que não ia mais fazer este tipo de exame, a partir de novembro de 2015, e não iria existir mais nenhum laboratório no Brasil que o fizesse. Foi o pânico... se algo corresse mal não saberíamos o que fazer! Além disso, por conta desse comunicado, todo o mundo decidiu correr atras desse exame, e o laboratório não conseguiu cumprir o prazo de 30 dias para o resultado. Mas, foi falso alarme, e o laboratório foi re-credenciado para continuar a fazer o exame (ufa!) e o resultado da Nala foi acima do valor minimo exigido :) - os valores exigidos são no minimo 0,5Ul/ml, e no caso da Nala foi acima de 2 :).

A restante burocracia, precisa ser feita perto da data de embarque, que é a emissão do CZI - certificado zoosanitário internacional, que tem uma validade de 10 dias. Para este certificado, é preciso agendar na vigiagro do aeroporto de guarulhos (pelo menos no meu caso, que sou do estado de sao paulo e ia embarcar nesse aeroporto... mas penso que pode ser feito em outros aeroportos internacionais), e levar os documentos todos originais (carteira de vacinação, certificado do microchip, laudo da sorologia da raiva e um atestado de sáude emitido pelo veterinario alegando que o animal se encontra em condições de saúde para a viagem, e cuja validade são 72 horas) , e copia simples destes mesmos documentos. Ah, e este certificado so pode ser emitido após os 90 dias da colecta de sangue para a sorologia! Então, o ideal é emitir o atestado um dia antes de ir ao vigiagro pedir o czi, para garanttir a validade do mesmo. O CZI demora até 48h para ser emitido. Esta ultima parte pode parecer confusa, mas na verdade é meio que um jogo de datas. Eu como morava a 650 km da cidade de São Paulo acabei por contratar uma empresa para fazer esta ultima parte de burocracia para mim - Sysbrac. Super aconselho esta empresa em assuntos de viagens com animais. São 5 estrelas!! A Rosana é uma querida e atende-nos muiiito carinhosamente.

Vou tentar explicar cronologicamente todo o processo.

















Além disso, é preciso avisar o aeroporto do país de destino da chegada do animal. Eu enviei um e-mail com todas as informações dela, e a informação do dia e horário de chegada. À chegada dirigi-me ao gabinete de controlo sanitário onde analisaram toda a documentação, e paguei uma taxa de 30 euros. Esta informação obtive por meio do consulado geral de Portugal de São Paulo - no site eles apresentam esta e outras informações relativo à entrada no país com animal de estimação. (http://www.dgv.min-agricultura.pt/portal/page/portal/DGV/genericos?generico=1722730&cboui=1722730 )


Em termos de custos:

  • microchip - 60 reais
  • vacina - 40 reais
  • sorologia - 330 reais
  • CZI 300 reais (porque contratei a empresa para me ajudar! Como particular nao tenho ideia do custo para emissão, mas para mim que não morava em São Paulo, não compensaria. )
  • Taxa para embarque na cabine - 145 dólares.
  • Taxa da entrada do animal no país - 30 euros, pagos em dinheiro no controlo sanitário do aeroporto de chegada.
Um outro ponto importante é fazer a reserva do animal na cabine, junto da companhia aérea, pois existe um limite de numero de animais que podem viajar, e é bem pequeno (se não me engano são dois por avião, mas isso varia de companhia para companhia). Assim que comprei a minha passagem, liguei para a central de reservas da Lufthansa e fiz a reserva da Nala. A taxa de embarque apenas paguei na hora do check-in. Também por causa da Nala, não pude fazer o meu check in online, tive de fazer no balcão, no dia da viagem. 

Em relação à dieta, fomos bem sucedidas. A Nala atingiu um peso de 7,2kg, que junto com a bolsa de transporte ficava bem no limite dos 8kg, conforme exigido. No entanto, no dia do embarque (eu super nervosa pois não tinha muita margem para o peso), nem pesaram!!! apenas me perguntaram verbalmente o peso dela. Também não mediram (nem olharam) a bolsa de transporte. Não sei se tive sorte com a pessoa que nos atendeu no dia, ou se realmente não são tão rígidos. Não dei nenhuma medicação para ela para o voo, pois eu li bastante acerca disso e é totalmente desaconselhado sedar os animais para a viagem. Apenas dei um comprimido para enjoo.

Neste post não vou falar da bolsa de transporte pois já falei neste blog, no post de transporte seguro sobre a bolsa que escolhemos para viajar com a Nala. http://nalapug.blogspot.pt/2015/11/transporte-seguro.html

Então no dia, o nosso voo era as 19h. Durante a manhã desse dia passeamos bastante com ela, e brincamos a manhã inteira, até à hora de sairmos rumo ao aeroporto. Chegamos ao aeroporto com bastante antecedência (pelas 15h) e fomos diretos ao check in. Depois de tudo acertado (cartões de embarque em mãos), fui até a rua para passearmos mais um pouco com ela. O objetivo era conseguirmos que ela se cansasse para ter muito para dormir na longa viagem. Depois entramos para a zona de embarque (pelas 16h30) e ficamos junto ao portão de embarque. Ainda passeei um pouco com ela pelos corredores para aguentá-la acordada. Antes de começar o embarque levei-a até à zona do WC, coloquei um tapete higiênico no chão e ela fez o xixi dela. Pronta para embarcar!!

O nosso primeiro voo foi de cerca de 12h, de São Paulo para Munique. Estávamos bem nervosos, com medo da reação dela durante todo este tempo no voo. Já a havíamos acostumado a bolsa de transporte, mas ela nunca gostou muito de ficar fechada...Ainda assim, portou-se muiiito bem! Acho que ninguém percebeu a presença dela no avião :) Assim que entramos coloquei-a aos meus pés, dentro da bolsa e ela dormiu :) ela desde pequena foi habituada a fazer viagens longas de carro (8-9horas) e sempre dorme. Acho que associou o avião a uma outra viagem qualquer de carro. As primeiras 3 horas deixei-a quietinha no chão, ia espiando a ver se estava tudo bem. Ela sempre a dormir. Depois quando já toda a gente estava a dormir, e eu também queria descansar, peguei na bolsa dela, coloquei-a no meu colo, abri so uma parte da bolsa para ela se acomodar mais a vontade, e ali ficou umas horas a dormir no meu colo (dentro da bolsinha). Só a voltei a colocar no chão mais próximo do final da viagem. Durante todo o voo foi muito tranquilo. A parte mais difícil é a saída do avião e o caminho até ao segundo avião. Sempre que ela se vê fora do meio de transporte não quer de jeito nenhum ficar presa, quer andar como todos os outros, e chora, grita, esperneia ate que o façamos :o Assim que saímos do avião coloquei-a na trela, sem saber se poderia ou não. Levei-a logo ate um cantinho, onde coloquei um novo tapete higiênico, e ela fez o xixi e coco dela. Depois fomos com ela, ainda na trelam até a porta de embarque novamente. A nossa escala foi bem curta (1h15), então foi basicamente o tempo de fazer esta transição até a porta de embarque. O segundo voo (mais ou menos 3 horas) ela foi quase o tempo todo no colo e ainda foi a graça das hospedeiras de bordo...ninguém sequer implicou dela estar no meu colo :). 

Chegando a Lisboa, fui logo para o gabinete de controlo sanitário, onde foram analisados todos os documentos, leram o microchip, paguei os 30 euros e fomos embora :) Agora já deixamos a dieta de lado, mudamos de ração, e ela está hiper feliz, ainda se acostumando com o friozinho que por aqui faz :) 





















9 comentários:

  1. Olá!!
    Muito interessante esse posto, pois tenho um pug também e quero me mudar para a Italia, mas tenho visto tanta gente falando de como é perigoso os pugs terem parada respiratória que estava quase desistindo!!! Amei ler seu post, me deu coragem!!! beijos

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    1. Com persistencia e paciencia tudo corre bem vai ver :) Boa sorte :)

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  2. amei seu post! assim como o colega de cima, me encheu de coragem para levar meu Boston terrier! obrigada, sara!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Nossa Sara, mais completo impossível. Obrigado por compartilhar experiência. Uma pergunta, não chegou a cogitar utilizar transporte especializado como por exemplo esse aqui: http://www.global.pt/Servi%C3%A7os/AnimaisdeEstima%C3%A7%C3%A3o/tabid/64/Default.aspx ?

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    1. Olá Lisângelo. É para mim uma grande satisfação saber que a minha experiência ajuda quem também passa por isto :) Então, cheguei a pesquisar algumas outras formas sim, mas tive sempre receio, e por isso fiz o esforço da dieta ser possível :) Não me recordo dos nomes das empresas que cheguei a ver. Mas aconselho a Sysbrac para aconselhamento na burocracia e mesmos nessas questões(a empresa que me ajudou na ultima documentação). Boa sorte :)

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  6. Boa tarde
    Amei o seu post, me esclareceu muito, estou na mesma situação com minha pug, é dificil encontrar informações pq pugs não podem viajar no porão, e na cabine eles tem que estarem "mais magros". Vou iniciar o processo, obrigada por todas as suas dicas.

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